O QUE É ESPIRITUALIDADE?
Espiritualidade não é uma religião,
não é uma doutrina, não é o sacerdócio, não é uma crença e nem uma opinião.
Espiritualidade é um modo de vida, é
um estado de espírito, é uma abertura mental, é uma aspiração à transcendência.
Espiritualidade é sentir arder uma
chama interior que ilumina nosso caminho no caos e nas trevas que vivemos no
mundo.
Espiritualidade é a confiança
expressa nas palavras “Ainda que eu ande pelo vale da sombra e da morte, nada
temerei.”
Espiritualidade é entender que somos
como crianças tomando uma vacina, que machuca muito na hora, negamos, gritamos
e esperneamos, mas que depois imuniza nosso espírito.
Espiritualidade é ir além, é a
consciência de que a vida não se encerra na morte, de que é preciso haver continuidade
dentro da descontinuidade. De que tudo que começa, termina; tudo que nasce,
morre; tudo que vai, volta. De que para cada problema há uma solução, para cada
lágrima derramada há sempre um consolo e para cada perda há sempre um ganho.
Espiritualidade é reconhecer um
propósito em todas as coisas, e recusar a existência da sorte, do azar e do
acaso. É ter paciência e confiar que, um dia, o significado de tudo será
desvendado.
Espiritualidade é dar de si mesmo, é
renunciar ao pequeno para obter algo maior, é abdicar de nossas pequenas posses
para ganhar tudo o que sempre nos pertenceu. É fazer das florestas do mundo
nosso jardim, é fazer do céu o nosso teto, é fazer dos mares e rios a nossa
piscina, é fazer da Terra a nossa casa. É cuidar do tudo, de cada ser e coisa,
e não apenas de nossos escassos bens terrenos.
Espiritualidade é ver por dentro, é
não se deixar levar pelas aparências, é reconhecer o essencial em cada mínimo
aspecto da vida, é satisfazer-se com pouco para obter muito, é rasgar o véu da
ilusão e desejar entender o mistério da vida.
Espiritualidade é pedir pouco e
agradecer muito. É dar muito e nada pedir em troca. É fazer sem esperar
retribuições. É perdoar, é arrepender-se, é refazer, é renovar, é reaprender a
ver o mundo e a si mesmo.
Espiritualidade é fazer do seu
professor o lírio do campo, as árvores ao vento, a tempestade nebulosa, o
orvalho numa flor, a borboleta esvoaçando, o rio fluindo, os pássaros cantando.
É aprender com a mais insignificante criatura.
Espiritualidade é deixar o humano
morrer para o divino nascer. É trazer o céu para a Terra. É viver na Terra o
céu que desejamos após a morte. É debruçar-se no inferno resgatando as almas
perdidas e errantes. É ser uma luz no meio da escuridão.
Espiritualidade é dormir quando se
tem sono, é comer quando se tem fome, é olhar a montanha e ver a montanha, é
molhar as mãos no rio e sentir o frescor das águas, é ver aquilo que está ali,
é não intelectualizar tudo, é sentir a essência das coisas e mergulhar na
essência da vida.
Espiritualidade é estender a mão aos
que sofrem, é dar conforto aos que choram, é dar abrigo aos sem teto, é dar
conselhos aqueles que se perderam, é esclarecer aqueles que têm dúvidas, é dar
de si mesmo em prol de todos, é fazer o bem pelo bem, é morrer pela verdade
para renascer na plenitude.
Espiritualidade é dispensar as
palavras e os discursos fúteis e navegar nas paragens do silêncio interior. É
aprender a ouvir a vida, a ouvir a si mesmo, a diminuir a corrente dos
pensamentos, é tranquilizar o turbilhão das emoções, é fazer circular as
energias, é deixar tudo fluir.
Espiritualidade é viver na
simplicidade, naturalidade e na espontaneidade. É libertar-se de tudo o que é
passageiro, perecível, transitório. É mergulhar na vida sem medo, sem travas,
sem amarras, sem correntes, sem bloqueios. É viver, e apenas viver, sentindo a
vida como ela é. É não precisar de nada, não depender de coisa alguma, não se
deixar influenciar pelas marés agitadas da confusão.
Espiritualidade é libertação, é
humildade, é fé, é amor e é esperança.
Autor: Hugo Lapa